Há dias foi publicado um relatório do INMETRO sobre testes em brinquedos produzidos fora das especificações brasileiras e que foi até motivo de reportagem em um programa de TV. Estes testes são realizados em laboratórios especializados, e, no caso da reportagem, o laboratório contratado foi Instituto Lab System de Pesquisas e Ensaios Ltda., sediado em Guarulhos. No caso da reportagem, chamou a atenção a total inadequação dos brinquedos. Foi muito bom terem apresentado o assunto em um programa de grande audiência pois a ocasião, Natal, Ano Novo e Férias, leva as pessoas a comprarem não só brinquedos, mas também eletrodomésticos, veículos, roupas, calçados e até material de construção sem qualquer preocupação com a segurança durante o transporte, armazenamento e uso.
Temos no Brasil vários laboratórios capacitados para realização de testes de produtos e, há décadas, temos feito um trabalho junto às empresas fabricantes para convencê-las a testarem seus produtos, não só para cumprimento de leis e normas, mas também para adequá-los ao uso pelo cliente. (Este foi um dos assuntos discutidos em nosso livro Engenharia de Embalagens, publicado pela Editora Novatec e que ainda encontra-se disponível nas livrarias.)
Tudo pode ser testado. Vimos desenvolvendo nestes longos anos uma quantidade incontável de testes, sempre com o apoio de profissionais altamente especializados em todas as áreas do conhecimento, tanto do Brasil como do exterior, bem como trabalhado em laboratórios em quase todos os cantos do mundo.
Testar significa custo e, obviamente, temos que usar de inteligência e planejar muito bem para definir que testes são necessários. Sempre que abordamos o assunto a questão custo vem à tona e há uma rejeição quase que automática à abordagem. As empresas, em geral, refutam a idéia de testar qualquer coisa além do básico, exigido por lei, especialmente se forem de médio a pequeno porte.
Nossa teoria é outra, que já foi aprovada na prática:
1) testar não é custo, mas será um dos fatores do lucro;
2) manter uma assistência técnica ocupada com consertos é custo;
3) o prejuízo de colocar no mercado um produto inadequado para manuseio, transporte e uso pelo cliente é incalculável.
Quando falamos em testes, não estamos necessáriamente falando em testar em laboratórios sofisticados. Alguns testes realmente requerem equipamentos e dispositivos que não são comuns, não estão disponíveis na empresa. Aí sim, teremos que usar um dos inúmeros e competentes laboratórios que fornecem serviços por todo o país. Cabe ressaltar aquí que a maioria dos testes, tanto os obrigatórios por lei, como vários outros desejávies, têm um custo direto muito pequeno. Portanto, esta é uma primeira recomendação que fazemos: verifique os custos, peça um orçamento, vá conhecer os laboratórios, veja em que os profissionais que lá estão há anos, podem ajudar no desenvolvimento do seu produto.
Por outro lado, chame um profissional especializado em testes de produtos para fazer uma primeira avaliação da sua linha de produtos e uma proposta de testes e modificações para adequação ao transporte, armazenagem e uso PELO CLIENTE. Seu produto vai ser usado por alguém. É este usuário que vai julgar o seu produto e a sua marca.
Não basta o produto ser necessário, prático, bonito, ninguém pensou nisso antes, vai resolver aquele problema do consumidor, todo mundo quer, custa baratinho, está na moda,… e mais outros inúmeros apelos que chamam a atenção no primeiro momento e que, certamente, até eu vou comprar.
Há inúmeros testes que podem ser feitos dentro das instalações do fabricante, usando máquinas e ferramentas disponíveis, alguma imaginação e mais um ou outro dispositivo fácil de construir. Antes mesmo de promover um teste com possíveis consumidores, planeje e faça uma bateria de testes internos.
Querem exemplos?
Podemos fazer “em casa”: testes de queda, compressão, vibração, transporte, carregamento, impactos diversos, carga, estanqueidade, resistência a raios solares, sais, produtos de limpeza, ácidos, etc. Com um pouco de imaginação e sabendo onde e como o produto poderá ser usado, transportado e armazenado, dá para ir muito além do mínimo exigido pelas legislações, tanto brasileira como internacionais.
Não deixem seu produto ser avaliado sòmente pelo consumidor, quando já está nas prateleiras. Este caminho pode não ter volta. Por maior e melhor que seja a sua marca e a sua empresa, elas sempre caberão em um ralo… e a volta poderá não existir.
Feliz Natal, um excelente 2018 para todos e… vamos testar.
Ah, sim, um lembrete de última hora para quem vai se vestir de Papai Noel usando a roupa do ano passado: teste ainda hoje. Pode não servir… sabe aquela leitoa do ano passado? Pode ainda estar fazendo efeito na cintura!